Um amigo me contou que o sobrinho, com nove anos de idade, negou-se a ir à Missa. A avó queria saber o motivo da negativa. O menino explicou: “Não tenho dinheiro para o padre”. A avó ofereceu o dinheirinho para a coleta do padre. E o menino foi feliz à celebração.
O que ela esqueceu foi de explicar ao menino que a coleta não é do padre, mas para cobrir as necessidades da comunidade.
No Domingo de Ramos, a Igreja Católica promove em todas as comunidades uma “Coleta da Solidariedade”. Esta não vai para a caixinha do padre, isto é, não é para a sustentação das atividades internas da Igreja, como a formação de padres, o culto divino, a manutenção da Igreja. Mas vai para as necessidades do povo, da defesa da vida, a promoção humana, as emergências de vária ordem.
Não raro se ouve dizer que “a vida digna” do povo, é papel do Estado. Para isto servem as políticas públicas.
Na verdade, é assim. No entanto, o papa Bento XVI, em sua carta apostólica “Deus é Amor” (Deus caritas est), adverte que a ação do Estado, mesmo com boas políticas públicas, não dispensa a solidariedade da Igreja e nem a caridade individual dos cristãos. Pois o Estado nunca atinge todas as pessoas em todas as suas necessidades.
O Papa explicou que a caridade pertence ao núcleo central do cristianismo, é da essência do Evangelho (nº 22).
Em resumo: “A prática da caridade é um ato da Igreja e assim como o serviço da Palavra e dos sacramentos, ela faz parte da essência da missão originária da Igreja” (nº 32).
As coletas ficam em parte (60%) na própria diocese, para um Fundo Diocesano de Solidariedade e em parte (40%) vão para um Fundo Nacional de Solidariedade.
É preciso lembrar que Jesus fez da caridade para com o próximo o primeiro critério de julgamento: “Vinde, benditos de meu pai! Porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era migrante e me acolhestes, estava nu e me vestistes, estava enfermo e me visitastes, estava encarcerado e me fostes ver” (Mt 25, 34-36).
O tempo da quaresma nos convida à oração, que nos aproxima da vontade de Deus. Convida-nos ao jejum e à penitência, para provocar mudança de vida, a conversão interior. E nos sugere a esmola, como gesto de solidariedade e de amor para com o próximo, em nome de Jesus.
Texto extraído do Boletim Catolicanet
Dom Sinésio Bohn - - 07/03/2008 -
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